EMAp e IBRE criam índice espacial de preços ao consumidor para o Rio
11 Setembro 2014 · Raquel Peixoto Rittmeyer Silva
Após um tempo de maturação, a Escola de Matemática da FGV (EMAp) e o IBRE firmaram no último dia 3, quarta-feira, a primeira do que parece ser o início de inúmeras parcerias entre as duas áreas. A criação do Índice Espacial de Preços ao Consumidor (IEPC-RJ) por regiões da cidade do Rio de Janeiro é considerada o pontapé inicial desse trabalho em conjunto. Com periodicidade mensal, a princípio, o indicador de inflação será estimado entre os meses de janeiro de 2007 - período anterior à divulgação do Rio como sede das Olimpíadas -, e dezembro de 2013. Pedro Costa Ferreira, economista da Superintendência de Estatísticas Públicas (SUEP), explica que para fazer o levantamento, além do conhecimento da equipe em cálculo de índices e estatísticas, o IBRE irá utilizar a base de dados usada pelo IPC e pelo Monitor da Inflação. Já a EMAp entrará com o know-how técnico em matemática espacial, mapeando as regiões da cidade (latitude e longitude). “Vamos usar o IPC-RJ e a EMAp irá lê-lo e dar a ele uma espécie de CEP. Assim, será possível ‘espacializar’ o índice de acordo com cada região do município”, conta Pedro.
Segundo ele, se o levantamento caminhar conforme o esperado e, caso for considerado importante atualizar mensalmente os dados, a pesquisa inicial pode virar mais um índice de inflação da FGV, aumentando a família de indicadores já tão conhecidos. “Nesta semana será realizado mais um encontro para acertarmos detalhes sobre o estudo. Como, por exemplo, a questão da composição do índice, ou seja, se faremos um índice híbrido; uma média de preços de alimentos e serviços ou se faremos algo separado. Depende de como está nossa base”, ressalta ao informar que na última reunião foi assinado um termo de compromisso entre EMAp e IBRE em virtude da confidencialidade dos microdados usados neste trabalho.
Na ocasião, Renato Souza, coordenador de mestrado da EMAp, lembrou-se da vontade de longa data em trabalhar com o Instituto e se mostrou confiante com o sucesso da união. “Estamos felizes, e cheio de ideias para estudos futuros. Damos prioridade em criar produtos factíveis e de rápida elaboração, que rendam logo resultados de curto prazo. Para nós essa parceria será muito frutífera”, salientou Renato. Já Vagner Ardeo, vice-diretor do IBRE, enfatizou que a parceria se deu na hora certa já que no passado recente o IBRE ainda não estava estruturado o suficiente para oferecer o auxílio que o trabalho em conjunto merece. “Há quatro anos ainda não tínhamos capital humano suficiente para garantir uma parceria eficiente. Um pressuposto para o trabalho conjunto é oferecer qualidade, e esse tempo chegou. Seja para gerar inovações no meio acadêmico, seja para desenvolver outras atividades, essa vai ser uma parceria de muito sucesso”, completou Vagner.
No radar, outra pesquisa vem ganhando forma, ainda que esteja, no momento, apenas no campo das ideias: um novo produto que mede a confiança da população baseado nos filtros de determinadas palavras-chaves, entre elas ‘crise’ e ‘recessão’, encontradas em notícias e redes sociais. “É uma espécie de termômetro que tenta antecipar o comportamento da economia à frente, em linha com as sondagens que o IBRE já possui”, explica Pedro. Um estudo de viabilidade desse possível “Indicador de Recessão” faz parte da dissertação de mestrado da aluna da EMAp e funcionária do IBRE, Anna Carolina Barros. “Se concretizado, mesmo sendo medidas diferentes, o novo indicador da SACE pode ser correlacionado com as sondagens de confiança. Por exemplo, o aumento do número de citações de determinada palavra pode indicar uma queda na expectativa das sondagens”, aponta Pedro.
Além de Pedro, Vagner e Renato, o professor da EMAp, Flávio Coelho, o superintendente adjunto de Inflação do IBRE, Salomão Quadros, os economistas do IBRE, André Braz e Angelo Polydoro e o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos, Aloisio Campelo, participaram da reunião.